6 de janeiro de 2012

O amor por animais - Cavalos

Quando era criança, os cavalos eram uma paixão minha e do meu pai. Hoje... infelizmente só é minha.

Tenho saudades dos momentos de admiração que tinha em mim mesma, era uma menina forte montada num cavalo que corria sem medo de nenhum obstáculo que lhe surgisse pela frente.
Os cavalos são animais exuberantes, cada passo, cada movimento, o seu olhar... incrível animal que seduz e o destaca de todos outros animais.

"O amor de uma pessoa pelos cavalos nasce com ela; o amor do cavalo pelas pessoas tem que ser conquistado"
Cláudia Lesohonski

Os cavalos sempre foram os meus animais favoritos e jamais deixarão de ser.
Com este texto O amor por animais - Cavalos presto homenagem ao meu falecido pai e recordo a sua escola de equitação em Luanda junto à Estalagem Leão.

4 comentários:

  1. Eu acho que me lembro de si. Com toda a certeza que me lembro da escola do seu pai pois embora fosse aluno da escola do Marcelino (Corimba) fui algumas vezes montar à escola do seu pai. Costumava montar o Zapata. Lamento a sua morte

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  2. Olá!
    Decerteza que se lembra, eu era a sua única filha, uma trinca espinhas com uns longos cabelos.Numa reportagem que fizeram à escola que saiu na revista da Vera Lagoa, eu estava na capa a montar o Zapata. Adorava ir com o meu pai e o Marcelino para a tourada, belos tempos que não voltam mais.Obrigado pela sua visita. Volte sempre será um prazer conversar com velhos conhecidos e amantes do hipismo. Um abraço

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  3. Olá. Por falar em tourada: eu começei a montar aos 6 anos exactamente na escola de equitação que havia na Praça de Touros e que pertencia ao cavaleiro Ribeiro da Costa. Lembro-me de todos os cavalos que montei a começar pelo Bemposto (um velho cavalo de cortesias que já so servia para o primeiro volteio), a Graciosa, a Ruça, o Foguete (um cavalo preto muito alto) o Boneco (branquinho e muito manso), o Cuca e o meu favorito.. um ruço de pintas castanhas e crinas louras, cego de um olho e muito desconfiado... o Relampago.
    Este Relampago, por ser cego de um olho era desconfiado e dificil. Mandou-me umas sete ou oito vezes ao chão mas acabou por se tornar na paixão da minha vida. Foi com ele que ganhei as primeiras esporas inglesas, ganhas numa aposta contra um tenente que vinha de Mafra convencido de que sabia tudo sobre cavalos mas não o conseguia tirar da crença da cocheira e, por aposta do meu pai, lá fui eu com 7 anitos tirar dali o "meu" cavalo que estava doido de tanto castigo ter recebido do tal tenente. Era uma trabalheira para lhe pôr a cabeçada pois ele desconfiava dos movimentos pelo lado direito. Pode parecer mentira mas só o Ribeiro da Costa e eu, um miudo que não chegava à espadua do animal, o conseguiamos aparelhar. Foi uma luta constante até que um sabado de manhã entrei na cavalariça e o Relampago, curvando o pescoço todo para me ver bem com o olho bom.. me chamou batendo com a mão repetidamente no chão. Foi espectacular. era o melhor cavalo do mundo (para mim claro). Foram sabados e domingos sem conta a passear / galopar nas traseiras do aeroporto e no campo de golfe, só eu e ele mais aquele sol africano e o cheiro da terra vermelha e tinhamos o mundo na mão. Os outros alunos ficavam às voltinhas da Praço de Touros. Eu e o Reampago desapareciamos. Nunca mais teve medo de nada e até o consegui levar a passear no asfalto de Luanda.

    Depois a vida andou. O Ribeiro da Costa tinha poucas condições e o meu pai levou-me para a escola do Marcelino. Chorei pelo Relampago mas a vida continua. No Marcelino encontrei o Texas, a Corimba (uma égua preta ainda mais alta do que o Foguete), o Carocho, o Imponente, o Marialva, o Boneco (um cavalo sul africano de saltos, o Anónimo (o cavalo mais "confortavel" que alguam vez montei)o Miudinho (este devia andar de bridão freio e barbela e a cabeçada só tinha o bridão o que era uma chatice)o Pacífico, o Malhado (este depois foi para o Ribeiro da Costa e curiosamente mandou-me ao chão assim que o montei, nem me deu tempo para me estribar) e o meu favorito... o Estoril um castanho chocolate calçado e com cara branca. Bons tempos. Nesta altura já o meu irmão mais novo também montava e os passeios eram a dois: eu no Estoril e o meu irmão no Carocho (um bom cavalo também)

    Foi nesta altura que conheci a escola do seu pai e montei o Zapata.

    Depois chegou a idade das motas (mini Yamaha) e os cavalos ficaram um pouco de lado até que com a revolução vim para Santarém. Ainda tentei montar aqui mas era tudo "cheio de nove horas" e era preciso um pengalim e o toque e o calção e o picadeiro.. ora bolas o que eu queria mesmo era um cavalo e campo para me perder, montava mesmo de boné e calças de ganga mas parece que não podia ser. Enfim!!

    Agora aos 53 anos e com esta barriga é que já não dá mesmo. Ainda cheguei a ver o Marcelino numa feira do Ribatejo a montar um Lusitano preto lindo lindo lindo, o Borboleta. Sei que esteve no Brasil mas não sei se ainda é vivo, se está cá ou ficou por lá. O Ribeiro da Costa morreu em 76 aqui em Alhandra (era a terra dele)

    Sabe o que ainda hoje me faz pensar? É não saber o que aconteceu aos cavalos. O que lhes aconteceu? Foram soltos? Foram abatidos? Trouxeram-nos para Portugal (duvido)? Morreram á fome? Alguém tratou deles? O que aconteceu ao meu Relampago e ao meu Estoril? Enfim, perguntas tolas que só quem gosta realmente de cavalos é capaz de fazer.


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  4. Olá!
    Lembro-me de alguns cavalos do Marcelino de que fala. Para si foram as motos para mim o casamento, pois casei com 16 anos e fui mãe aos dezassete. O meu pai teve um grande desgosto, por eu ter ficado sem tempo para a escola. Cá ainda montei durante algum tempo, mas acabei por abandonar,era muito caro e cheio de nove horas. O meu pai continuou sempre em Luanda e por lá ficou. Aquela era a sua terra do coração, estava cá 15 dias e já dizia mal de tudo... até da caça, da pesca, do marisco. Quanto aos cavalos do meu pai, ainda hoje sofro bastante com isso, foram abatidos, momentos antes de incendiarem a escola. Nesse atentado o meu pai ainda foi muito mal tratado pelas tropas da FNLA, foi cortado num braço com uma catana, e o jipe incendiado. Ainda esteve internado alguns dias.
    O Marcelino nunca mais o vi, pois quando vim de Luanda, fui para Viseu, minha terra e também dos meus pais. Coitado do Ribeiro da Costa, não gozou muito a vinda para Portugal.
    Um abraço


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