12 de dezembro de 2011

Inocencia do meu neto era linda.

Como o tempo passa rapidamente e "as doçuras da vida são para aqueles que amam", decidi falar do meu neto. Como dizia a minha avó, um neto é filho duas vezes. E estava certa, pois eu, não sei dizer qual dos dois amores para mim é o maior.

Recordo com saudade um episódio passado em 2004, na altura do Euro.

Todos os vizinhos do prédio tinham colocado nas janelas uma bandeira de Portugal. Claro que ele também quis colocar uma na janela do seu quarto.
Ao colocarmos a bandeira, olhei para uma das janelas do prédio em frente, que era dum coleguinha dele da pré-primária e vi que tinham duas bandeiras, uma de Portugal e outra de Angola e disse:

- Deveria ter comprado também uma de Angola, pois o teu pai é angolano.
- Oh! avó, tu estás boa da cabeça? O meu pai não é "ingolano".
- Isso é que é.
- Não é não senhor, o meu pai é branco, o pai do Bernardo é que é, porque é negro.
- O pai é branco, porque o avô e a avó são brancos, quer ele tenha nascido em Angola ou não, disse-lhe eu.

Não ficou convencido.

Por isso, quando o pai chegou perguntou-lhe:
- Pai tu és "ingolano"?
- Sim, sou, apesar de não me lembrar de Luanda, tenho muito orgulho em ser angolano.

Chegou ao pé de mim, abraçou-me e disse:
- Desculpa avó, eu não sabia porque nascemos brancos ou  negros.

Passados estes anos  ainda recordo com amor e carinho, o quanto eu me ria naquela altura,  quando ele pronunciava mal certas palavras. A Inocência do meu neto era linda. 

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